O advento daquilo que se convencionou chamar de “processo colonial” inaugurou um universo no qual a ação indígena e o indigenismo constituem faces da mesma moeda. Ao longo da história, as relações entre essas faces se concretizaram por meio de encontros, alianças, contradições, conflitos, uma miríade de fatos e acontecimentos que exigem da historiografia um contínuo esforço interpretativo. O presente livro traduz a tentativa de colocar mais uma peça nesse quebra-cabeças histórico, elegendo como objeto de análise um olhar sobre as relações entre a política indígena e o indigenismo no Brasil, a partir da segunda metade do último século. As apostas narrativas realizadas nesta obra objetivam ofertar aos leitores, familiarizados ou não com o tema, um sentido panorâmico sobre as novidades e reviravoltas de um encadeamento de fatos intimamente conectado a questões políticas e sociais tão caras à contemporaneidade. Isso significa dizer que a busca por uma compreensão mais ampla sobre a história entre indígenas e não indígenas nos abre não somente a possibilidade de entender as ações de grupos minoritários diante de mecanismos políticos produzidos no sentido de limitar ou até mesmo extinguir suas formas de existência, mas de como esse processo histórico é profundamente inscrito por marcas dos nossos mais recentes avanços e fracassos civilizatórios.