O movimento socialista — em suas diferentes variantes, social-democrata, trabalhista, comunista etc. —, no decorrer de extensa época histórica (de meados do século XIX ao final do XX), desempenhou protagonismo primordial nas transformações operadas nas sociedades capitalistas ou não capitalistas. Ainda que não tenha realizado de modo congruente suas promessas capitais — instalação de uma sociedade libertária, emancipada, equânime, fraterna, venturosa —, foi, em grande medida, responsável por notável dignificação e/ou elevação das condições de existência de uma parcela significativa dos trabalhadores em quase todos os países ou continentes. Ademais, congregou quantidade incomensurável de seres sociais em torno de uma utopia deveras generosa — devotos de doutrinas de fé ou informados por teorias sociopolíticas foram convertidos em sujeitos de uma práxis social renovadora, reformadora e/ou revolucionária, prenhes de esperança na construção de um paraíso terreno. Movimento errático, entretanto, com suas virtudes e vicissitudes, incapaz de atualizar sua práxis e cultura política, perdeu-se no caminho — sem bússola, viu-se privado do fascínio que exerceu no passado; desencantou-se.