Logo no início do livro uma linda frase me capta a atenção: “a personagem vem do mar parasonhar”. Penso no mar e na sua imensidão azul, um mar que inspira tantos sentimentos,medos, anseios, coragem e ousadia. Parafraseando Guimarães Rosa, a personagem nos ensinaque o mar assim como o amar requer da gente coragem. Trata-se de uma personagemenigmática, que ousa se aventurar pelos caminhos da vida, que sónos trazem enigmas.Entretanto, Nadiá tem um diferencial encantador, pois sabe brincar com osenigmas. É assimque seu caminhar se mistura com seu decifrar e as letras compõem uma história, que setransmuda em sonhos, criação, desejo, medo, gozo, amor e ódio… Como o fio que vai tecendoa vida, o livro tece uma história, atravessada pelo que há de mais íntimo e verdadeiro, noencontro e desencontro das palavras, no enigmático tempo que circunscreve avida humana.Tempo que desafia a personagem que enfrenta, desde o começo da vida, perigo, medo, perdasque em suas belas palavras confessa: "no limiar do perigo eu sobrevivi à morte. Preciso detempo para reconstruir". Construir, reconstruir, eis o caminho que a personagem desafia seus narradores a fazer. Dayana Custódio Rodrigues